Economia colaborativa e proteção social fazem parte do DNA cooperativista
As novas tendências do trabalho em rede, onde as pessoas estão cada vez mais inseridas, de forma horizontal, no centro da tomada de decisão dos negócios, são parte da essência do movimento cooperativista. Por meio do empreendedorismo e da autogestão, o modelo de negócios coop está alinhado aos anseios das novas gerações por uma economia colaborativa e compartilhada. E é sobre esse aspecto que o quarto eixo da publicação Propostas para um Brasil Mais Cooperativo, elaborado pelo Sistema OCB, apresenta sugestões para o desenvolvimento de projetos, ações e políticas públicas.
“Pensar em cooperativismo é refletir sobre novas formas de se trabalhar em rede, conectar pessoas que somam esforços e dividem resultados”, garante Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB. Ele sugere ao próximo governo a adoção de propostas de incentivo às cooperativas como opção viável e sustentável para que milhares de trabalhadores tenham melhores condições de inserirem seus produtos e serviços no mercado.
Neste sentido, espera-se do governo o reconhecimento do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido para que cooperativas de pequeno porte possam ser, cada vez mais, ferramentas para a inserção de trabalhadores no mercado. Além disso, o Sistema OCB busca o reconhecimento da contribuição das cooperativas de trabalho como opção sustentável para milhares de trabalhadores brasileiros, a partir da devida regulamentação da Lei 12.690/2012, a Lei das Cooperativas de Trabalho.
Proteção Social e Empreendedorismo Coletivo
A publicação reforça que o cooperativismo é a melhor ferramenta para a inserção de trabalhadores no mercado. O potencial das cooperativas vai além de gerar emprego e renda, cria também oportunidades de organização e ganho de escala para profissionais autônomos. São sugeridas também a promoção de políticas públicas para inclusão financeira e produtiva de jovens, mulheres e negros no modelo de negócios cooperativista. “É do DNA do cooperativismo focar em seu trabalhador, em seu cooperado, sem discriminá-lo por seu gênero, classe, raça, ideologia ou religião”, afirma Márcio.
A estruturação de caminhoneiros autônomos em cooperativas é outra recomendação do Sistema OCB. Com uma política específica, os caminhoneiros poderão ter acesso a melhores condições de contrato, a insumos, ganho de renda e de escala em suas operações. Além disso, a publicação destaca a necessidade de se reconhecer o cooperativismo para a emancipação e inclusão produtiva de garimpeiros, catadores e outros categorias de empreendedores, que, sozinhos, possuem maior dificuldade para atuarem em suas ocupações.
Plataformas da economia colaborativa
O aperfeiçoamento de políticas para o modelo cooperativista permite incentivar e explorar as novas tendências globais de se trabalhar em rede e conectar pessoas e serviços. Seja em plataformas de compras coletivas, ou na oferta de serviços via aplicativos, a autogestão está presente no movimento. Para ampliar os programas já desenvolvidos pelo Sistema OCB, a publicação sugere a possibilidade de startups cooperativistas receberem incentivos de investidores anjo.
Os diferenciais das cooperativas de consumo estão na qualidade dos produtos e no preço justo, além da promoção de um comércio sustentável. Para isso, o movimento cooperativista defende o adequado tratamento tributário ao ato cooperativo, em tramitação na Câmara e no Senado em propostas que versam sobre a Reforma Tributária. O ato é a base para assegurar maior competitividade e justiça tributária para elas.
Em um mundo com grandes transformações tecnológicas e cada vez mais conectado, o cooperativismo possui um imenso potencial para organizar pessoas em plataformas e aplicativos, valorizando o seu trabalho e evitando que os resultados destas atividades sejam deslocados para poucos, em grandes centros urbanos, muitas vezes, em outros países. É a economia de propósito, em prol do desenvolvimento local e da atuação pela comunidade.