Cooperativismo no Ceará se concentra na Grande Fortaleza, mas impacta diversas regiões do estado
A quarta reportagem da série com dados do Anuário do Cooperativismo – AnuárioCoop 2024 revela que o cooperativismo no Ceará, embora distribuído por quase todo o estado, apresenta uma concentração significativa na Grande Fortaleza.
Em 2023, o Ceará contava com 122 cooperativas registradas no Sistema OCB/CE, espalhadas por 39 municípios — um a menos que no ano anterior. Uma análise mais detalhada, porém, mostra que o modelo cooperativista está presente em 13 das 14 macrorregiões cearenses, conforme a divisão macroterritorial elaborada pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE).
Concentração na Grande Fortaleza
A Grande Fortaleza se destaca como a região com o maior número de cooperativas, abrigando 71 delas, o que representa 58% do total de cooperativas do Ceará. Fortaleza, a capital do estado, é o município com a maior concentração, com 54 cooperativas registradas. Além de Fortaleza, a macrorregião inclui cidades como Aquiraz, Eusébio, Horizonte, Maracanaú, Maranguape, entre outras, que, juntas, também contribuem para o domínio da região metropolitana no cooperativismo cearense.
As demais regiões aparecem com percentuais menores. O Cariri, no sul do estado, detém 8% das cooperativas, seguido pelo Sertão Central com 6%, o Sertão de Sobral com 5% e o Litoral Oeste/Vale do Curu com 4%. Fecham a lista territórios que variam de 2% a 3% do todo.
Cooperativas atuam além da sede
Apesar da concentração, o impacto das cooperativas vai além dos limites das sedes fiscais. José Aparecido dos Santos, superintendente do Sistema OCB/CE, destaca que, se observássemos somente os municípios com cooperativas registradas, as organizações estariam presentes em apenas 21% das cidades cearenses e isso não reflete a realidade. “As cooperativas têm um CNPJ e uma sede fiscal, mas produzem, comercializam e geram oportunidades em âmbito regional. É o caso de organizações dos ramos agropecuário, de saúde, entre outros”, explica o dirigente.
A Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Estado do Ceará (Coopafesp) é um exemplo que ilustra essa realidade. Sediada em Aquiraz, a Coopafesp conta com cooperados em diversos municípios, incluindo Acarape, Barreira, Beberibe, Cascavel, Limoeiro do Norte, Pacatuba, Pindoretama e Russas. Este cenário reflete como o cooperativismo pode impulsionar o desenvolvimento de diferentes localidades, independentemente da localização de sua sede.
Número de Cooperados por Região
Quando o foco se volta para o número de cooperados, a concentração na Grande Fortaleza torna-se ainda mais evidente. Com 141.910 cooperados, a região metropolitana detém expressivos 96% dos 147.420 cooperados de todo o estado. As demais regiões ficam muito distantes, com números que se aproximam, mas não chegam a 1%: Vale do Jaguaribe (943 cooperados), Cariri (931), Litoral Norte (895) e Sertão Central (752).
Geração de Empregos
Quando se observa o impacto das cooperativas na geração de empregos em nível regional, o Sertão Central se sobressai. Apesar de ser apenas a terceira região com mais cooperativas registradas, a região se destaca pela geração de postos de trabalho, respondendo por 47% dos empregos gerados pelas cooperativas no Ceará. A Cooperativa de Trabalho da Indústria de Calçados de Quixeramobim (Cocalqui), localizada em Quixeramobim, é um dos motores desse fenômeno, empregando um grande número de pessoas e contribuindo para a economia local.
Por outro lado, a Grande Fortaleza mantém sua relevância também na geração de empregos, liderando com 49% dos postos de trabalho cooperativistas, impulsionados por grandes cooperativas, em setores como saúde e Trabalho, Produção de Bens e Serviços.
Os desafios
Oswaldo Vieira, gerente de desenvolvimento de cooperativas do Sistema OCB no Ceará, explica que a entidade está empenhada em mapear, além do que já é registrado no AnuárioCoop, as cidades atendidas por cada cooperativa em suas áreas de atuação. Segundo ele, esse levantamento permitirá uma compreensão mais precisa da presença e do impacto das cooperativas no estado, refletindo a realidade de forma mais concreta.
Essa iniciativa pode contribuir diretamente para a interiorização do cooperativismo, ao identificar regiões com potencial de crescimento e necessidades específicas que ainda não são atendidas.